terça-feira, 24 de novembro de 2009

Cultura do Peru




Desde o período pré-colombiano o Peru foi o centro de várias civilizações de povos americanos pré-incaicos tais como a cultura Chavín, Moche, Nazca, Paracas, Huari e Tiahuanaco, além do amálgama posterior sob o Tawantinsuyu ou império Inca, que terminou com a conquista espanhola, cuja influência cultural marca e domina o Peru até hoje.


Mochica


A Civilização Moche (ou cultura Mochica, cultura Chimu Precoce, ou Pré-Chimu ou Proto-Chimu) floresceu no norte do Peru entre 100 a. C. e o ano 800, e ao que se sabe, não chegou a constituir um estado ou um império nem a desenvolver qualquer unidade política entre os centros populacionais que abrangia, apesar da grande região e do longo período de sua incidência.

Mas a unidade cultural é bem comprovada a partir da iconografia comum expressa na cerâmica pintada e ourivesaria, que demonstra um compartilhamento de usos e costumes, religião, arquitetura e outros aspectos que fazem supor uma unidade lingüística.

Trata-se, pois, da cultura pré-colombiana típica da região dos vales do norte do Peru ocorrida entre os anos 300 a.C. e 1000 na qual, o aumento da complexidade na elaboração da cerâmica e na produção de peças de metais, notadamente ourivesaria, mais a evolução arquitetônica dos sítios urbanos, com introdução de novas técnicas construtivas, permite dividi-la em cinco períodos.

A base econômica dessa civilização era a atividade agrícola praticada nos vales da costa do Pacífico aos contrafortes dos Andes, onde a necessidade levou a introduzir a agricultura irrigada, prova da sofisticação de sua engenharia.

Entretanto, essa cultura não conheceu a escrita e os hábitos, usos e costumes, e quase tudo quanto dela hoje se pode saber, ficou registrado iconograficamente em artefatos cerâmicos, com cenas detalhadas da vida comum em seus mais variados aspectos como a caça, pesca, combate, castigo, prazeres sexuais, cerimônias religiosas e outros afazeres.

A Huaca del Sol, uma enorme estrutura piramidal situada no rio Moche, foi a maior estrutura arquitetônica pré-colombiana construída no Peru e possivelmente o centro de irradiação da cultura Mochica.


Moche "Decapitador" mural da Huaca de la Luna

Este sítio arqueológico foi desfigurado e praticamente destruído pelos conquistadores espanhóis assim que souberam da existência de artefatos de ouro enterrados nas tumbas encerradas na pirâmide. Felizmente a Huaca de La Luna, um sítio próximo à cidade de Trujillo no Peru, permaneceu praticamente intacto, conservando, além de abundante iconografia cerâmica, magníficos murais coloridos. Este sítio tem sido escavado com objetivos científicos desde os anos 90.

Entretanto a cultura Mochica ocorreu em muitos outros centros populacionais nos vales da costa norte do Peru tais como Lambayeque, Jequetepeque, Chicama, Moche, Viru, Chao, Santa, Nepena, onde se encontram, entre outros, os sítios de Sipán, Pampa Grande, Dos Cabezas, Pacatnamu, San Jose de Moro, El Brujo complexo, Mocollope, Cerro Mayal, Galindo, Huancaco, e Panamarca.


Cerâmica:

Retrato em Cerâmica Moche. Coleção do Museu Larco Lima, Peru.

A cerâmica foi o meio pelo qual esta civilização mais ricamente se manifestou, e tal era sua inclusão na vida dos mochicas que dela hoje nos podemos valer para classificar o progresso e aperfeiçoamento da sua cultura.

A cerâmica mochica também permite ser agrupada em duas tendências principais, cada uma correspondente a uma situação geográfica, a do Norte e a do Sul, que correram paralelas por todo o período evolutivo.

As peças mais freqüentemente produzidas eram vasos para conter água ou outro líquido, quase sempre de formato esférico e com o bico e alças formando uma só peça. As variações tridimencionais das formas iniciou com a representação de peixes, aves e animais, e depois do rosto humano, onde atingiu o ponto culminante de sua representação escultórica nos comumente chamados de retratos “huacos”.

Nesta fase os artistas mochicas demonstraram incomum capacidade de aliar o realismo à sensibilidade artística, para reproduzir as sutilezas da expressão humana e transmitir estados de espírito como a alegria, tristeza, ódio, soberba, prazer, dor, em todas suas filigranas.

Os registros incluem muitas peças representando cenas do cotidiano, muitas do ato sexual nos quais tendiam a exagerar as proporções dos membros sexuais, e até peças que representavam órgãos afetados por lesões ou doenças como lábios leporinos, cicatrizes abertas, e outras deformidades.

No período mais posterior o caráter escultórico das peças cedeu importância e ênfase aos traços linhas, cores e texturas, tornando-se assim predominatemente pictórico.

Geralmente as peças tinham a cor de fundo creme ou branco com motivos, inicialmente, em vermelho e ocre. Posteriormente com a descoberta de outros fundentes, passaram a incluir o amarelo, alaranjada, marrom, preto e violeta com raras incrustações de ossos e mesmo ouro.

Com a evolução, as peças cerâmicas tornaram-se mais delgadas, com paredes mais finas embora a mesma resistência, e os motivos geométricos começaram a predominar na fase mais posterior.


Tiwanaku


Patrimônio Mundial da UNESCO
Centro Espiritual e Político da Cultura Tiwanaku
Tiwanaku1.jpg
Estela no pátio afundado do templo Kalasasaya


Tiwanaku (também grafado Tiahuanaco e

Tiahuanacu) é um importante sítio arqueológico pré-colombiano situado na Bolívia. Estudiosos das culturas andinas classificam esta civilização como os mais importantes precursores do império Inca, florescendo como a capital administrativa e ritualística de um grande poder regional por mais de cinco séculos. As ruínas da cidade estado ancestral se localizam próximo à margem sudeste do lago Titicaca, no departamento La Paz, província Ingavi, município Tiwanaku, cerca de 72 km oeste de La Paz. O sítio foi primeiro registrado pelo conquistador espanhol Pedro Cieza de León. Leon deparou-se com os restos de Tiwanaku em 1549 enquanto buscava a capital inca Collasuyu.

Alguns especulam que o nome moderno "Tiwanaku" é relacionado ao termo Aymara term taypiqala, que significa "pedra no meio", em alusão a crença de que ficaria no centro do mundo. Entretanto, o nome pelo qual Tiwanaku era conhecida pelos seus habitantes se perdeu, uma vez que esse povo não deixou linguagem escrita.


Cultura:



A área da civilização Tiwanaku (em azul)

A área ao redor de Tiwanaku pode ter sido habitada já desde 1500 AC como uma pequena vila agrícola. A maior parte da pesquisa, entretanto, se concentra nos períodos Tiwanaku IV e V, entre 300 DC e 1000 DC, período no qual Tiwanaku cresceu muito em poder e influência. Entre 300 AC e 300 DC acredita-se que Tiwanaku era um centro moral e cosmológico ao qual muitos faziam peregrinações. As idéias de prestígio cosmológico são os precursores do poderoso império Tiwanaku.

A cidade cobriu uma extensão máxima de seis quilômetros quadrados e teve no apogeu estimados quarenta mil habitantes. Seu estilo de cerâmica sem igual é encontrado numa vasta área que cobre a moderna Bolívia, Peru, o norte do Chile e a Argentina. No entanto, é difícil dizer se a presença desta cerâmica atesta o poder político desta civilização sobre esta área ou somente atesta sua influência cultural/comercial.

É considerada também uma cultura precursora das grandes construções megalíticas da América do Sul, cortando, entalhando ou esculpindo pedras pesando até cem toneladas, encaixando-as umas às outras com uma precisão e engenhosidade raramente encontradas mesmo na posterior arquitetura inca.


A Porta do Sol

É evidente a originalidade do estilo da arte Tiwanaku, mas é perceptível alguma correlação com o estilo da cultura Huari, certo que ambas as culturas definem o período médio do horizonte das culturas pré-incaicas, parecendo que ambas foram precedidas pela cultura Paracas que floresceu na bacia norte do lago Titicaca. Alguns estudiosos afirmam ter encontrado laços com a influência cultural e artística da cultura Chimu.


Arquitetura e arte:



Receptáculo antropomórfico

Muitas teorias para a arquitetura de Tiwanaku já foram propostas. Uma delas é que utilizavam uma medida chamada luk’a, um padrão de cerca de sessenta centímetros. Outra possibilidade é a proporção de Pitágoras. Esta idéia pressupõe certos triângulos a proporções de cinco para quatro para três utilizados nos portais para medir todo resto. Lastly Protzen e S. E. Nair levantaram a possibilidade que Tiwanaku tivesse um sistema para elementos individuais que dependia de contexto e composição. Isso se evidencia na construção de portais desde dimensões diminutas a tamanhos monumentais, provando que fatores de escala não atrapalharam a proporção. Com a adição de cada elemento, as peças individuais se deslocaram para encaixarem-se.


Chimu



Mapa mostrando a localização do reino de Chimu e as áreas onde predominavam sua s culturas na região.





Chimú vestuário de Ouro.

1300 AD Larco Museum , Lima-Perú 1300 dC

Museu Larco, Lima-Perú




A cultura Chimu, é uma cultura pré-colombiana, que se desenvolveu a partirdos vales dos rios Moche e Chicama, na região de La Libertad, na costa setentrional do Peru entre os séculos X e XV, no mesmo territorio onde havia já ocorrido a cultura Mochica, tratando-se possivelmente de sua legatária.O ponto de irradiação cultural, ou pelo menos de organização política, foi o vale do Rio Moche e suas redondezas onde hoje se pode ver o sítio arqueológico de Chan Chan.








Navio Chimú mostrando um ato sexual
(Museum of the Américas, Madrid, Espanha).


A constanteexpansão, acabou consolidando uma unidade política ou um Reino como sustentam alguns, que no início do século XV abrangia uma grande área, correspondente ao atual norte peruano, desde Tumbes até o vale Huarmei.

Há estudiosos que relatam que a cultura Chimú não passa de epílogo da chamada civilização Mochica observada no período em que esta alcançou a consolidação política e avultou o desenvolvimento urbano.

De fato, os Chimu destacaram-se como arquitetos e urbanistas e alguns defendem que, em verdade, são precursores dos Incas no que se refere às construções monumentais. São exemplos de sua arquitetura a cidadela de Chan Chan, muralha Chimu e a fortaleza de Paramonga, entre outras, razão pela qual alguns os consideram os melhores arquitetos do Peru antigo.

Como legatários da cultura Mochica, os Chimus também destacaram na cerâmica e e na produção metalúrgica dos mais variados objetos, desde adornos até armas.

Com a queda de Chan Chan em 1460, o ocaso desta civilização coincide com a consolidação do Incas, razão pela qual a maioria dos historiadores os arrolam como um dos povos submetidos pelos Incas que passaram mas a ser seus principais contribuidores.


Arte no México




Civilizações pré-colombianas


Entre 1800 e 300 a.C., começaram a formar-se culturas complexas. Algumas evoluíram para avançadas civilizações mesoamericanas pré-colombianas tais como: olmeca, teotihuacan, maia, zapoteca, mixteca, huasteca, purepecha, tolteca, e mexica (ou asteca), as quais floresceram durante cerca de 4000 anos até ao primeiro contato com Europeus.

Atribuem-se a estas civilizações indígenas várias criações e invenções: templos-pirâmide, cidades, a matemática (sendo o primeiro povo do mundo a usar o zero), astronomia, medicina, escrita, calendários precisos, belas artes, agricultura intensiva, engenharia, um ábaco, teologia complexa, o chocolate e a roda.

Inscrições antigas em rochas e paredes rochosas por todo o norte do México (especialmente no estado de Nuevo León) demonstram desde muito cedo uma propensão para contar no México. Estas marcas de contagem muito antigas estavam associadas a acontecimentos astronômicos e sublinham a influência que as actividades astronômicas tinham sobre os nativos mexicanos, mesmo antes do desenvolvimento de civilizações. De fato, todas as civilizações mexicanas mais tardias construiriam cuidadosamente as suas cidades e centros cerimoniais de acordo com acontecimentos astronômicos específicos.

Em alturas diferentes, houve três cidades mexicanas que eventualmente se tornaram nas maiores cidades do mundo: Teotihuacan, Tenochtitlan e Cholula. Estas cidades – entre várias outras - foram centros florescentes de comércio, idéias, cerimônias e teologia. Por outro lado, espalharam a sua influência a culturas vizinhas.


Arquitetura maia em Uxmal.

Ainda que muitas cidades-estado, reinos e impérios competiram uns com os outros por poder e prestígio, pode-se dizer que o México teve quatro civilizações principais e unificadoras: a olmeca, teotihuacan, a tolteca e a mexica. Estas quatro civilizações estenderam a sua influência por todo o México – e para além deste - como nenhuma outra. Consolidaram poder e influenciaram o comércio, arte, política, tecnologia e teologia. Outras potências regionais fizeram alianças políticas e econômicas com estas quatro civilizações ao longo de 4000 anos. Muitas foram as que entraram em guerra com elas. Mas todas elas se viram dentro destas quatro esferas de influência.

Veremos agora apenas a civilizaçao Maia.


POVOS MAIAS



A civilização maia organizou-se como uma federação de cidades-estado e atingiu seu apogeu no século IV. Nesta época, começou a expansão maia, a partir das cidades de Uaxactún e Tikal. Os maias fundaram Palenque, Piedras Negras e Copán. Entre os séculos X e XII, destacou-se a Liga de Mayapán, formada pela aliança entre as cidades de Chichén Itzá, Uxmal e Mayapán. Esta tripla aliança constituiu um império, que teve sob o seu domínio outras doze cidades. O conjunto da cidade era considerado um templo. Os edifícios eram construídos com grandes blocos de pedra adornados com esculturas e altos-relevos, como os de Uaxactún e Copán.

Os ritos

Só podiam subir aos templos os sacerdotes, que formavam a classe mais culta. Os maias acreditavam descender de um totem e eram politeístas. A influência dos toltecas introduziu certas práticas cerimoniais sangrentas, pouco antes da decadência dos maias. Adoravam a natureza, em particular os animais, as plantas e as pedras. Cuidavam de seus mortos, colocando-os em urnas de cerâmica.

O calendário maia e a escrita

Os avançados conhecimentos que os maias possuíam sobre astronomia (eclipses solares e movimentos dos planetas) e matemática lhes permitiram criar um calendário cíclico de notável precisão. Na realidade, são dois calendários sobrepostos: o tzolkin, de 260 dias, e o haab de 365. O haab era dividido em dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias livres. Para datar os acontecimentos utilizavam a "conta curta", de 256 anos, ou então a "conta longa" que principiava no início da era maia. Além disso, determinaram com notável exatidão o ano lunar, a trajetória de Vênus e o ano solar (365, 242 dias).Inventaram um sistema de numeração com base 20 e tinham noção do número zero, ao qual atribuíram um símbolo. Os maias utilizavam uma escrita hieroglífica que ainda não foi totalmente decifrada.


A Arte Maia


Forma de expressão social, política e ideológica de um dos povos pré-colombianos mais desenvolvidos. Durante mais de 2 mil anos, os maias utilizaram, em suas construções, variados materiais e técnicas. Como conseqüência, a escultura destes povos acompanhou o desenvolvimento a rquitetônico e alcançou um grau de sofisticação não encontrado entre os demais povos da América. A arquitetura maia tem caráter cerimonial, o que proporcionou o surgimento de estruturas suntuosas. As grandes plataformas eram feitas de pedras. As paredes, de terra batida e, depois, revestidas por pedra talhada ou argamassa. Os tetos tinham forma de falsa abóbada. Os exteriores de palácios e pirâmides apresentavam esculturas em suas decorações.

No que restou das cidades maias, os arqueólogos encontraram vestígios de observatórios astronômicos — entre os quais o mais importante é o El caracol, na cidade de Chichén Itzá —, praças de recreação, espaços para jogos de bola e uma bem elaborada infra-estrutura urbana. Nas esculturas, em estilo naturalista, chama atenção a profusão de elementos que se harmonizam com surpreendente senso de proporção. A serpente é a representação mais encontrada em ruínas de palácios, estádios e pirâmides.
A arte maia tem suas raízes na cultura olmeca (1200-400 a.C.) e, posteriormente, recebeu influências da arte de Teotihuacán e Tula.


A arte maia expressa-se, sobretudo, na arquitetura e na escultura. Suas monumentais construções - como a torre de Palenque, o observatório astronômico de El Caracol ou os palácios e pirâmides de Chichén Itzá, Palenque, Copán e Quiriguá - eram adornadas com elegantes esculturas, estuques e relevos. Podemos contemplar sua pintura nos grandes murais coloridos dos palácios. Utilizavam várias cores. As cenas tinham motivos religiosos ou históricos. Destacam-se os afrescos de Bonampak e Chichén Itzá. Também realizavam representações teatrais em que participavam homens e mulheres com máscaras, representando animais.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O Impressionismo


Impressionismo



A impressão do momento



O nome Impressionismo, como tantos outros exemplos na História da Arte (os termos gótico ou maneirismo, por exemplo), inicialmente teve um cunho pejorativo. Foi um rótulo colocado ao trabalho de um grupo de artistas que, de acordo com os críticos da época, acreditavam na impressão do momento como algo tão importante que se bastava por si mesa, dispensando as técnicas tradicionais acadêmicas. Esses artistas realizaram inúmeras exposições em Paris entre 1874 e 1886, porém, sua aceitação pelo público foi lenta e sofrida, pela incompreensão ao trabalho realizado. Ridicularizados inicialmente pela crítica por não seguirem a tradição pictórica que vinha sendo solidificada desde o renascimento, acabaram por, paulatinamente, obter o respeito e aceitação de suas “novas técnicas“ por parte do público. E, como acontece em muitas ocasiões, a crítica foi a reboque dos acontecimentos.


A busca da imagem ao natural


Os objetos retratados ao ar livre, sob a luz natural, eram bastante valorizados pelos impressionistas. O volume e solidez, características que a pintura tradicional pregava como fundamentais para uma obra de arte existir, começaram a ser desrespeitados, abrindo caminho para as vanguardas estéticas do Século 19. Quanto à fidelidade com o objeto retratado, não se pode dizer que os impressionistas não a desejassem, mas buscavam essa fidelidade à sua maneira. Com efeito, os impressionistas faziam suas pinturas fora das convenções artísticas, mas, de preferência, sob os efeitos do olhar e das mudanças da luz diária. Nesse sentido pode-se dizer que são descendentes do Realismo. As cores eram de fundamental importância para o grupo, elemento extremamente expressivo em sua arte.


A importância do pincel na formulação da obra


A frescura da impressão que um objeto causava ao artista deveria ser captada pelas pinceladas. Os objetos retratados seriam aqueles percebidos pela visão como paisagens, retratos, cenas do cotidiano. Duas influências foram fundamentais para o movimento: as estampas japonesas que popularizam-se na Europa no final do Século 19, com seu desrespeito à perspectiva e às normas de composição da academia ocidental - suas formas repletas de vida encantavam os impressionistas - e a invenção da fotografia.


Monet e Pissarro


Claude Monet (1840 - 1926) é considerado o fundador do Impressionismo. São famosas suas pesquisas em cima dos ideais impressionistas, como a representação de um objeto em diferentes horas do dia e sob diferentes luzes. Camille Pissarro (1831 - 1903), com sua ênfase no método e o forte efeito que seus quadros exprimem, por terem sido executados quase que acidentalmente, foi outra grande influência para importantes nomes impressionistas. Foi um dos pintores que mais ajudou, com sua obra e formulações teóricas, a aceitação por parte da opinião pública do conceito de que a visão do artista interfere na percepção da obra. Um bom exemplo de seu trabalho pode ser dado por “O Boulevard des Italiens, Manhã de Sol“, com suas figuras indistintas.


Mulheres na pintura impressionista


Berthe Morisot e Mary Cassat eram as duas mulheres que faziam parte do grupo impressionista. MORISOT (Berthe), pintora francesa (Bourges, 1841 - Paris, 1895), cunhada de Manet. Praticou um impressionismo elegante.CASSATT (Mary), pintora e gravadora norte-americana (Pittsburgh, 1844 - Le Mesnil, França, 1926). Radicada em Paris, foi amiga de Degas, que a orientou. Juntou-se aos impressionistas da escola de Paris e ganhou reputação internacional. Acredita-se que tenha sido Morisot quem levou Edouard Manet, seu cunhado, ao Impressionismo. É exemplo da obra de Morisot, a “Vista de Paris do Trocadero“, em que retrata a cidade baseando-se na vista de cima. Cassat, por sua vez, era uma das artistas do conjunto cuja influência das estampas japonesas era mais nítida em seu trabalho. Seus trabalhos versavam sobre temas domésticos, tratados de forma simples e direta. “O Banho“ é uma boa amostra deles.


Renoir e Degas


Pierre Auguste Renoir e Edgar Degas são outros dois importantes nomes do movimento. Merece citação especial o nome de Édouard Manet (1823 - 1883), que, apesar de nunca ter exposto com os impressionistas, realizava algumas de suas pinturas obedecendo a esse estilo. Sua carreira passou por diversas fases e costuma ser considerado tanto um pintor impressionista como realista. Antes de os impressionistas começarem a expor, Degas já havia quebrado as regras de pintura acadêmica, obtendo aceitação da crítica um pouco antes de seus companheiros. Sua obra “O Balcão“, com damas de cabeças quase que planas, valorizando as imagens como realmente percebidas pelo olhar e não como deveriam ser tecnicamente, chocou inicialmente a opinião pública, quando exposta, em 1869.


Além das fronteiras


Além da França, o Impressionismo acaba se espalhando por outros países. Destaques são americanos como Childe Hassam (1859-1935), Maurice Prendergast (1859-1924) e James Abbott McNeill Whistler (1834-1903), este último, um dos primeiros artistas ocidentais a perceber o valor das estampas japonesas. WHISTLER (James), pintor norte-americano (Lowell, 1834 - Londres, 1903). Autor de retratos e quadros de estilo próximo ao dos impressionistas. Além disso, o Impressionismo foi ponto de partida para inúmeros artistas desenvolverem seu estilo próprio. Exemplos podem ser dados por Toulouse-Lautrec, Van Gogh e Paul Cézanne.


O Impressionismo nasce em Paris cerca de 1865


Surgirá publicamente com uma primeira exposição colectiva feita no estúdio do fotógrafo Nadar em 1874, nesta mostra expõem os artistas que, mais tarde, a crítica viria a qualificar de impressionistas: Edgar Degas, Claude Monet, Auguste Renoir, Camille Pissarro, Paul Cézanne, Sysley, Boudin e Berthe Morisot.





O termo “impressionisme” é pela primeira vez impresso no periódico "le Charivari" de 25 de Abril de 1874 pelo critico de arte Louis Leroy, tendo como pretexto uma paisagem de Claude Monet intitulada Impression, soleíl levant para aí qualificar de Exposítion des impressionnistes a pintura exposta no estúdio de Nadar.
Todos estes artistas se indignaram, alguns anos antes, quando da recusa da obra de Edouard Manet enviada ao Salon de 1863, a emoção foi tão grande nos meios artísticos que Napoleão III autoriza a constituição de um Salon des Refusés. O Déjeuner sur l’herbe suscita um vivo entusiasmo nos jovens pintores, que encontram em Manet, algumas das suas preocupações estéticas, fazendo dele o seu mentor.



O Salon de 1866 acolhe alguns destes pintores, Degas, Berthe Morisot, Sisley, Monet, Pissarro; mas Manet, Cézanne e Renoir são recusados, o que dá ocasião a Emile Zola de escrever uma diatribe que o tornará no defensor publico destes novos artistas.A segunda exposição do grupo efectua-se em 1876 (Cézanne não participa). A sétima exposição: "Septième Exposition des artistes indépendants" prefigura o "Salon des Indépendants", que será fundado dois anos depois em 1884. Entre 1874 e 1896 realizam oito exposições colectivas, formando a mais importante corrente de contestação ao Academismo. Escolhem temas do quotidiano e fazem uma pintura de plein air, (contrariamente á pintura temática e de estúdio), interessam-se pelos efeitos e cambiantes da luz, apoiando-se na teoria da cor de Chevreul, aplicam as tintas em pequenas pinceladas de cores saturadas, geralmente claras, que reforçam os contrastes das cores, intensificando o contraste simultâneo e das complementares, obtendo assim uma superfície pictórica vibrante de cor e de luz. O Impressionismo é uma forma de Arte que tem por objecto a evocação directa das impressões, fugidias ou duráveis, experimentadas pelo artista. A pintura impressionista distinge-se pelo gosto das cores e pelo amor da luz. O que une os artistas é essencialmente a sua vontade de romperem com a arte oficial, porque a doutrina segundo a qual as cores devem ser aplicadas saturadas sobre a tela em vez de misturadas na paleta, só será aplicada por alguns e durante um pequeno numero de anos. Em verdade, o Impressionismo é mais um estado de espirito do que uma técnica.
Quando Pissarro morre, em 1903, é evidente para todos, que este movimento, fora a revolução pictórica essencial do século XIX.
Degas e Cézanne nunca foram Impressionistas no sentido estrito do termo, e Manet, apesar de ligado a eles nunca participou nas suas exposições. Impressionar (dic.): imprimir, sensibilizar, afectar, emocionar marcar, comover, tocar, perturbar.


Influências:


Eugène Delacroix, “o desenho e a cor são inseparáveis”.William Turner, “a observação da natureza é a primeira lei da pintura”.A corrente do Naturalismo denominada "Escola do Barbizon".



Manet

Dejeuner sur L’herbe, 1863.
Portraít d'Emile Zola, 1868.

Nana, 1877.

Au Café,1878.

Un bar aux Folíes Bergère,1882.





Principais obras do Impressionismo:




Monet



Impression, soleíl levant, 1872.
La gare de Saint Lazare, 1877.
Les Meules, 1888 - Série de pinturas de medas de feno observadas a diferentes horas do dia.

La Cathédrale de Rouen, 1892 - Série de 42 pinturas sob diferentes condições de iluminação.

Nymphéas,1920/26.- Serie de pinturas com efeitos de luz sombra e transparências de nenúfares sobre a agua.


Renoir

La loge,1874. Moulin de la galette, 1876.

Le Dejeuner des canotiers, 1881.

Les Grandes Baigneuses, 1883/5.


Degas


L'Absinthe, 1877. Nus de mulher tomando banho, 1886. Serie de desenhos e pinturas tendo o Ballet como tema.

terça-feira, 10 de novembro de 2009




Igreja de São Francisco, em Salvador, com frontão de característica barroca

No século XVIII, o Brasil presenciou o surgimento de uma literatura própria a partir dos escritores nascidos na colônia, quando as primeiras manifestações valorizando a terra surgiram.

Contexto Histórico

Os fatos históricos fundamentais da época foram a Primeira invasão holandesa, que ocorreu na Bahia, em 1624, e a Segunda, em Pernambuco, em 1630, que perdurou até 1654.

As invasões aconteceram na região que concentrava a produção açucareira.
A produção literária não foi favorecida nesse período, pois a disputa pelo poder no Brasil era evidente e chamava toda a atenção.

O Barroco surgiu nesse contexto como fruto de esforços individuais, quando os modelos literários portugueses chegaram ao Brasil.
A arte que se desenvolveu com mais força foi a arquitetura, mas a partir da segunda metade do século as artes sofreram impulso maior.

Costuma-se considerar a publicação da obra Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, como o marco inicial do Barroco no Brasil. Esse é um poema épico, de estilo cancioneiro que procura imitar Os Lusíadas.

Os autores barrocos que mais se destacaram são:
- Gregório de Matos (na poesia);
- Pe. Vieira (na prosa);
- Bento Teixeira;
- Frei Manuel de Santa Maria Itaparica;
- Botelho de Oliveira;
- Sebastião da Rocha Pita;
- Nuno Marques Pereira.

Gregório de Matos (1633 – 1696)

Gregório de Matos é o maior poeta barroco brasileiro, sua obra permaneceu inédita por muito tempo, suas obras são ricas em sátiras, além de retratar a Bahia com bastante irreverência, o autor não foi indiferente à paixão humana e religiosa, à natureza e reflexão.
As obras desse escritor são divididas de acordo com a temática: poesia lírica religiosa, amorosa e filosófica.

- A lírica religiosa: explora temas como o amor a Deus, o arrependimento, o pecado, apresenta referências bíblicas através de uma linguagem culta, cheia de figuras de linguagem. Veja que no exemplo a seguir o poeta baseia-se numa passagem do evangelho de S. Lucas, quando Jesus Cristo narra a parábola da ovelha perdida e conclui dizendo que “há grande alegria nos céus quando um pecador se arrepende”:

A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
da vossa alta clemência me despido;
porque, quanto mais tenho delinqüido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido
vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida, e já cobrada
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,

eu sou Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha, a vossa glória.
(Gregório de Matos)


- A lírica amorosa: é marcada pela dualidade amorosa entre carne/espírito, ocasionando um sentimento de culpa no plano espiritual.

- A lírica filosófica: os textos fazem referência à desordem do mundo e às desilusões do homem perante a realidade.

Em virtude de suas sátiras, Gregório de Matos ficou conhecido como “O boca do Inferno”, pois o poeta não economizou palavrões nem críticas em sua linguagem, que além disso era enriquecida com termos indígenas e africanos.

Eis um exemplo dos muitos “retratos” que Gregório de Matos compôs:

Soneto

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um freqüentado olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa. Escuta, espreita, e esquadrinha,
Para levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda picardia.

Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.

Nesse texto o poeta expõe os personagens que circulavam pela cidade de Salvador - conhecida como Bahia- desde as mais altas autoridades até os mais pobres escravos.


Aleijadinho

Escultor, entalhador e arquiteto mineiro da arte barroca, considerado o maior escultor do período barroco.


retratato de Aleijadinho


Indrodução
Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) nasceu em Vila Rica no ano de 1730 (não há registros oficiais sobre esta data). Era filho de uma escrava com um mestre-de-obras português. Iniciou sua vida artística ainda na infância, observando o trabalho de seu pai que também era entalhador.








obra de Aleijadinho
Profeta Daniel (pedra sabão), Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas-MG)


Por volta de 40 anos de idade, começa a desenvolver uma doença degenerativa nas articulações. Não se sabe exatamente qual foi a doença, mas provavelmente pode ter sido hanseníase ou alguma doença reumática. Aos poucos, foi perdendo os movimentos dos pés e mãos. Pedia a um ajudante para amarrar as ferramentas em seus punhos para poder esculpir e entalhar. Demonstra um esforço fora do comum para continuar com sua arte. Mesmo com todas as limitações, continua trabalhando na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais.


Na fase anterior a doença, suas obras são marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade. São desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (as duas na cidade de Ouro Preto.






Construída entre 1771 e 1794, a Igreja de São Francisco é uma das obras primas de Aleijadinho. Há belíssimas pinturas de teto em seu interior feitas por Manoel Ataide entre 1800 e 1809. Outro marco são as esculturas na fachada, reconhecidas internacionalmente, devido ao trabalho de Aleijadinho.



Já com a doença, Aleijadinho começa a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte. É deste período o conjunto de esculturas Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo. O trabalho artístico formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e 12 feitas de pedra-sabão, é considerado um dos mais importantes e representativos do barroco brasileiro.





A obra de Aleijadinho mistura diversos estilos do barroco. Em suas esculturas estão presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico. Utilizou como material de suas obras de arte, principalmente a pedra-sabão, matéria-prima brasileira. A madeira também foi utilizada pelo artista.


Morreu pobre, doente e abandonado na cidade de Ouro Preto no ano de 1814 (ano provável). O conjunto de sua obra foi reconhecido como importante muitos anos depois. Atualmente, Aleijadinho é considerado o mais importante artista plástico do barroco mineiro.


obra de Aleijadinho
Carregamento da Cruz (escultura em madeira), Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas-MG)